sexta-feira, 3 de setembro de 2021

O QUE SERÁ

Há qualquer coisa no ar. Impossível saber do que se trata. Nem mesmo cogitar se é uma coisa palpável para pelo menos organizar as percepções. O fato é que são estranhas sensações. Percorrem o corpo em brasa. Há qualquer coisa, sentimos, não identificável, fugidia, inefável, talvez mesmo invisível. Atravessa espaços e chega às colinas verdes de um pensamento sem imagem, sem sonhos. Fala de anjos, forças cósmicas, deuses, musas, seres errantes da floresta, estados dionisíacos. Talvez uma música ao longe se aproxime e estabeleça um ritmo de dança para entender o que se passa. É preciso, no entanto, escutar vozes para conseguir dizer: há qualquer coisa no ar dos pulmões do tempo tecendo um brilho nos olhos. E se os dias seguem irreversíveis, a cada segundo intuímos na carne dos sonhos um presente: sim, existe alguma coisa sem nome embriagando a existência. Ele (ou ela) fabrica o sol e envia signos de alegria .Meu coração anda parado, à espera.

A.M. 

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