O que é técnico em saúde mental?
Não existe uma Faculdade do “técnico em saúde mental”. É que não há identidade profissional... Como reconhecê-lo?
A formação do técnico em saúde mental se dá no Encontro com o paciente. Não no encontro com a pessoa do paciente, mas no encontro com a loucura do paciente. Isso faz toda a diferença.
Mais: no encontro com a loucura dele mesmo, o técnico.
Se há um Encontro, pois, é com a loucura.
É bom lembrar que “loucura” não é um conceito psiquiátrico. A psiquiatria (historicamente) humilhou e escorraçou a loucura.
Tentemos situar (apesar das dificuldades) esse conceito.
Loucura é uma realidade sem nome, dissolução do nome, frase desconexa, sem sentido, afeto estranho, conduta rota, mundo fora dos eixos.
Isso e muito mais, é loucura.
Curioso como a palavra pode ter significados opostos: 1- “Você não foi à festa. Perdeu. Foi uma loucura”. 2- “Meu amigo, não faça isso. É loucura.” No primeiro caso, “alegria, prazer”. No segundo, “ algo ruim, talvez suicídio.”
Entre os opostos, o nosso eguinho oscila como um pêndulo. Quem, pelo menos no pensamento e/ou no sonho, não experimentou loucuras?
O técnico em saúde mental só aprende a trabalhar lidando com isso (em si e nos outros), que no fundo é o mesmo: loucura do mundo.
Qualquer um pode entrar nessa “vibração louca sem estar louco”. É condição ética para escutar e cuidar do paciente. E nem é preciso que seja um técnico de nível superior. Às vezes é até melhor que não. Nesse campo de ação prática tão escorregadio, só sensibilidades finas interessam.
A.M.
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