sábado, 6 de novembro de 2021

O que é técnico em saúde mental?


Não existe uma Faculdade do “técnico em saúde mental”. É que não há  identidade profissional... Como reconhecê-lo?

A formação do técnico em saúde mental se dá no Encontro com o paciente. Não no encontro com a pessoa do paciente, mas no encontro com a loucura do paciente. Isso faz toda a diferença.

Mais: no encontro com a loucura dele mesmo, o técnico.

Se há um Encontro, pois, é com a loucura. 

É bom lembrar que “loucura” não é um conceito psiquiátrico. A psiquiatria (historicamente) humilhou e escorraçou a loucura.

Tentemos situar (apesar das dificuldades) esse conceito.

Loucura é uma realidade sem nome, dissolução do nome, frase desconexa, sem sentido, afeto estranho, conduta rota, mundo fora dos eixos.

Isso e muito mais, é loucura.

Curioso como a palavra pode ter significados opostos: 1- “Você não foi à festa. Perdeu. Foi uma loucura”. 2-  “Meu amigo, não faça isso. É loucura.” No primeiro caso, “alegria, prazer”. No segundo,  “ algo ruim, talvez suicídio.”

Entre os opostos, o nosso eguinho oscila como um pêndulo. Quem, pelo menos no pensamento e/ou no sonho, não experimentou loucuras?

O técnico em saúde mental só aprende a trabalhar lidando com isso (em si e nos outros), que no fundo é o mesmo: loucura do mundo. 

Qualquer um pode entrar nessa “vibração louca sem estar louco”. É  condição ética para escutar e cuidar do paciente. E nem é preciso que seja um técnico de nível superior. Às vezes é até melhor que não. Nesse campo de ação prática tão escorregadio, só sensibilidades finas interessam. 


A.M.


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