O que é psiquiatria? parte 3
Há na psiquiatria uma clínica a ser inventada.
A clínica é o lugar de resistência à violência simbólica ou real, aos manicômios da alma e às emergências programadas.
Para isso o trabalho da psiquiatria tem um sentido a ser oferecido no encontro com a loucura de todos nós e os pacientes.
Para os multi-sintomáticos,graves, gravíssimos, medicar com precisão exige método, arte e intuição. Muito difícil a jornada solitária.
O psiquiatra e os mil afetos no exame do paciente. Aí se constroe a ajuda. Ou nada.
Ser mais um técnico em saúde mental, buscar relações não hierarquizadas com os técnicos em saúde mental.
Usar o diagnóstico psiquiátrico como função terapêutica e não como estigma e controle moral.
Avaliar os sinais delicados da psicopatologia na inserção subjetiva da realidade social. A pergunta (ampla) seria: como você vive?
Sempre que possível, reagir às agressões farmacológicas antes sofridas. Tal atitude requer mudanças de prescrição e orientação técnica ao paciente, familiares ou terceiros.
Diante do paciente, evitar ocupar o lugar de juiz, policial, professor ou sacerdote, entre outros. Ser técnico já é muito.
Entrar no delírio (se for o caso) com o paciente, não no lugar dele. Não confirmar o delirio, mas aceitar o delirante.
Valorizar a psicoterapia, antes como atitude, arte e depois como técnica.
Valorizar a arte, antes como estilo, depois como técnica.
Fazer psiquiatria.
A.M.
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