terça-feira, 9 de novembro de 2021

CASA VAZIA


Poema nenhum, nunca mais,

será um acontecimento:

escrevemos cada vez mais

para um mundo cada vez menos,


para esse público dos ermos

composto apenas de nós mesmos,


uns joões batistas a pregar

para as dobras de suas túnicas

seu deserto particular,


ou cães latindo, noite e dia,

dentro de uma casa vazia


Alberto da Cunha Lima

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