Salmo Perdido
Creio num deus moderno,
Um deus sem piedade,
Um deus moderno, deus de guerra e não de paz.
Deus dos que matam, não dos que morrem,
Dos vitoriosos, não dos vencidos.
Deus da glória profana e dos falsos profetas.
O mundo não é mais a paisagem antiga,
A paisagem sagrada.
Cidades vertiginosas, edifícios a pique,
Torres, pontes, mastros, luzes, fios, apitos, sinais.
Sonhamos tanto que o mundo não nos reconhece mais,
As aves, os montes, as nuvens não nos reconhecem mais,
Deus não nos reconhece mais.
Dante Milano
Deus não nos reconhece mais. A criatura escapou ao projeto do criador? Há um impostor no lugar do criador que se passa por ele. Seria o capital, o mercado?
ResponderExcluiro capital não apenas como categoria econômica, mas operador da existência...sem duvida!
ExcluirSalmo encontrado
ResponderExcluirVou recitar o meu salmo, ainda que seja "fantasia" para a "modernidade".
Preciso de fantasias para não me sucumbir aos Deuses da morte.
Quero poder vislumbrar a glória dos meus sonhos.
À despeito de o mundo não reconhecê-los, eu os reconheço.
À despeito de o Capital operar a existência humana,
Eu decidi acreditar na fúria da natureza.
O Deus das aves, dos montes, das nuvens, pode até me tamponar.
Mas, ainda assim, eu vou fazer voos rasantes entre os montes e as nuvens.
Ainda que eu esteja na gaiola, vou voar, voar e voar...
Tenho alma de passarinho,
Sem Deuses.