COVID E SAÚDE MENTAL
A chegada da Covid trouxe mil questões para a saúde mental. São questões práticas, vivenciais, concretas, na medida em que o vírus bate à porta. Não é preciso citar estatísticas mortuárias com que a mídia espalha a informação/comunicação sobre o bicho-coroa. A nossa intenção é simples e direta: traçar linhas afetivas e efetivas para um pensamento que resista não só ao vírus mas à mentira, a infâmia dos poderes dominantes em tempos sem rumo. Pensamento que não é algo abstrato, mas o próprio corpo. Pensamento-corpo. E que resiste à morte disfarçada de vida (vide famélicos aos milhões) no mundo em que vivemos, não só no Brasil. Nesse momento, a Covid é o inimigo público número um, signo de um horror invisível. Temos que nos proteger. No entanto, a obviedade do enunciado esconde questões da saúde mental que sobem à flor da pele, à flor de um tempo sem alma. A Covid não tem alma. Em saúde mental a ausência de alma (não a dos religiosos, mas a alma das coisas, a vida, enfim) fez e faz da psiquiatria o modelo único (bioquímico) dos objetos (pacientes) expostos como coisas e casos. Quanto vale um paciente? Tal modelo autocentrado (narcísico) tem a capacidade de proliferar e contagiar corpos, tornando-os serviçais da razão manicomial, ainda que soltos. A Covid trouxe uma dor nova para velhos problemas.
A.M. , 29/03/2020
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