O QUE É UMA PSIQUIATRIA MENOR? 3ª parte (final)
Ela se divorciou da psiquiatria maior (neuro-biológica). Não sob tumulto ou oposição tipo "melhor ou pior", mas como linha prática e clínica produzida na relação com o paciente. Antes de ser técnica, uma aposta ética lhe move ao fazer o Cuidado cuidar.
A psiquiatria menor intervêm no universo oculto ou semi-oculto dos humilhados mudos. Isso inclui os excluídos ao ar livre, os que vegetam, trastes familiares, párias da mente. Cárceres privados são só um exemplo.
A saúde mental é o objeto de pesquisa dessa psiquiatria (talvez inglória) que se deixa afetar por gritos de angústia, fobia e pânico e por delírios, alucinações de fim de mundo, apocalipse e suicídio.
Uma psiquiatria menor funciona, pois, em equipe, em grupo, no coletivo, mesmo quando o psiquiatra está só. Principalmente quando está só.
Ela não busca reconhecimento científico, intelectual, acadêmico, pretígio, poder, money. Opera no silêncio dos encontros, no risco das terapêuticas criativas e na loucura do mundo.
Não faz política porque em si mesma já é política, inteiramente política, dos pés à cabeça política e por isso mesmo cultiva alma clandestina e corpo guerreiro. Nem mesmo o grande abraço das camisas de força farmacológicas a intimidam.
Quando sente que o barco vai virar (ou já virou) sai a nado em direção a outros mares. Sem terra à vista.
A.M.
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