O que é psiquiatria? parte 2
Uma especialidade diferente essa.
Tudo porque não apenas é especialidade médica, mas instituição.
Do ponto de vista epistemológico, ela está plugada às ciências biológicas e às ciências humanas. No primeiro caso, o organismo físico-químico. No segundo, a realidade social. Trata a realidade social como organismo físico-químico. Trocou as bolas.
É uma especialidade ancorada em pilares teóricos de naturezas diferentes. Vive num paradoxo.
Sua condição de ser uma especialidade pode ser ampliada para a de instituição social. É que a pesquisa lida com um universo simbólico no qual a própria especialidade está inserida.
Tal condição “institucional” normalmente é ignorada pelos psiquiatras e similares. Muito difícil que fosse diferente.
Como instituição ela codifica as pessoas. Daí, estas não precisam ser psiquiatras para pensar, sentir e agir como um.
Atrelada à visão biomédica do comportamento humano em suas alterações (o chamado transtorno) a psiquiatria estanca numa reflexão teórica rasa, onde não consegue sequer definir com precisão o que é uma psicose.
Em essência, esse é o fundo da "sua"epistemologia. Um conhecimento atolado na moral.
“Loucura”, conceito não-médico, converte-se ao de “transtorno mental”, termo naturalizado como distúrbio da mente igual à distúrbio do cérebro. A equação conceitual cérebro=mente estabelece, então, a partir da década do cérebro, a última do século XX , fortes razões científicas para um “admirável cérebro novo” que toma o lugar da psicopatologia.
Quanto ao aniquilamento desta última, há testemunhas: os pacientes.
Ai, então, a neurociência se fez impecável. Uma psiquiatria atual, acolhida como ciência do cérebro e surda à fala do sofrimento mental, conquistou o mercado.
No entanto, o cérebro mente.
A.M.
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