segunda-feira, 1 de outubro de 2012

TEMPO DE ELEIÇÃO

Chega a hora das eleições, mas o tempo não passa. Ou, pelo  menos, não salta, digamos, para um outro universo de sentido, onde o homem comum possa dizer: “enfim, algo  novo”. O homem comum é o que está em contato com a experiência do cotidiano (no trabalho, nas ruas, nos serviços, nas casas, etc) e por isso expressão de um tempo que  não  passa. Mas  que, apesar de  tudo, passa.
Terrível  paradoxo o envolve no cumprimento da sobrevida para viver ao invés do desejo de viver, ou apenas  viver, viver.
Chega a Hora. É a do horário eleitoral gratuito, pelo qual  o homem da cidade paga. E muito.  Mas  de nada adianta desligar o rádio ou a TV, pois as palavras do candidato ecoam para além dos  fluxos eletrônicos, disseminando pela cidade a trama  monstruosa do invisível poder  visível. Tudo  conflui  para a produção  íntima de uma subjetividade votante. A Publicidade  faz a sua parte  no negócio.
Como escolher?
Escolher um candidato  passa a ser uma ação  que  oscila no mercado  das ofertas clientelísticas   conforme razões de mando e comando do poder econômico em sua face mais risonha (todos  riem...) e cínica. Com os pobres, os inferiores, os  miseráveis, a palavra  vira repetição automática. Ou não vira, não vira (no sentido em que se diz “esse carro não vira”), permanecendo em seu  lugar  o  refrão  interminável  dos  dias  da  servidão  “consentida”.
No fim, que é o começo, não só a Cidade é enfeada, desfigurada com banners e muros sombrios. É  toda a cena da disputa  que é, assim, onde você  decide,  cidadão,a  não decidir.

A.M.

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