(...) (...)Triste é aquele que quer fugir de si mesmo. E quem a isso quer, não faltam os meios: o prazer alienado e narcísico, os fanatismos religiosos ou de mercado ( ou a combinação de ambos) para isso servem; as anestesias ( químicas , sociais , midiáticas, políticas...) também funcionam para quem quer fugir de si mesmo, bem como as MBA’s em autoconhecimento ,ministradas por seus gurus e mestres bem pagos ; igualmente podem servir para fazer fugir de si mesmo o vender-se em troca das medalhas, dos títulos, das propriedades e bens, dos afetos e favores que fazem a glória de Mefistófeles. Em contraste, a prática de afirmação de si e autêntico autoconhecimento é linha de fuga que amplia e potencializa o que verdadeiramente somos. No autêntico autoconhecimento, somos o tema e a variação do tema, nascendo dessa variação um novo tema.O autoconhecimento, como virtude da alma, da qual nascem a generosidade e a salut, não é meio para obtenção de medalhas ou prêmios, pois a virtude, a virtu, é o próprio prêmio, assim como o verdadeiro prêmio do autêntico músico não se mede por quantos discos ele vende, mas pela potência de variação que ele foi capaz de produzir em um tema ,com o qual ele se liga sem interesse, apenas por afeto e amor à música.E isto que não se pode quantificar com números constitui a verdadeira riqueza.
A fuga sem um tema que com ela fuja é um mero fugir de si mesmo, ao passo que um tema sem uma fuga que o faça variar é como uma identidade rígida, máscara mortuária.Fugir não é se afastar, mas fazer avançar a partir de onde se está. E é sempre em um processo que estamos.Uma coisa é fugir de si mesmo, outra é fazer fugir si mesmo lá mesmo onde estamos, para assim fazermos do nosso existir uma singular expressão do Existir da Natureza em seu infinito variar.Como dizia Espinosa, este variar infinito é o tema que nos deve afetar na produção de nossa linha de fuga.
(...)
Elton Luiz Leite de Souza
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