NEUROCRÍTICAS
Navegando no site da Revista Galileu, encontrei uma entrevista excelente com o intelectual britânico Raymmond Tallis. Ele faz uma interessante crítica para os usos excessivos da neurociência para compreender o ser humano e toda a sua complexidade.
Tallis é médico, crítico literário e filósofo, e afirma que tentar resumir tudo à neurociência é um perigo, principalmente pelo risco de isso alimentar a volta das ideias do darwinismo social, o que promoveria mais preconceitos e marginalizações na nossa sociedade.A "neuromania" muitas vezes acaba nos cegando para outros aspectos da vida e das relações humanas. Acaba fomentando um determinismo biológico extremamente rígido, desprovido de pensamento crítico e complexo. Muitos tentam fornecer explicações neurológicas para tudo, para qualquer tipo de situação ou pensamento. Mas será que a neurociência realmente pode nos dar tudo? Tallis parece bem cético diante da possibilidade de um dia a neurociência conseguir explicar, por si só, tudo que se refere ao pensamento e comportamento humano. E eu compartilho um pouco desse ceticismo. Mas é claro, não podemos correr o risco de demonizar a neurociência. Não há dúvidas de que essa é uma área fascinante e que traz milhares e milhares de benefícios para nosso mundo, todos os dias. Eu mesma vivo publicando notícias de pesquisas desse ramo aqui no blog. Sou fã. Mas, extremismos sempre são problemáticos. No meu entendimento, precisamos deixar um espaço para aquilo que nos faz humanos: a linguagem, a subjetividade, a consciência, o simbólico.
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Gabriele Albuquerque Silva - do blog Psicologia em desfoco
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