segunda-feira, 11 de março de 2013


Sonharás uns amores de romance, quase impossíveis. 
Digo-lhe que faz mal, que é melhor contentar-se com a realidade; se ela não é brilhante como os sonhos, tem pelo menos a vantagem de existir.

Machado de Assis

Um comentário:

  1. "Qual luta?" remete ao conceito de lutador. Para que haja uma luta é preciso que exista um lutador. E o conceito de lutador é o mais amplo possível. "Lutador" não é aquele que distribui socos por aí em espetáculos de televisão. Isso é um meio de ganhar a vida, como tantos outros. O "lutador" não tem ligação nenhuma com o trabalho, sobretudo o trabalho no sistema capitalista, para o capitalista, a mais-valia e suas diferentes facetas. Muito embora o "lutador" tenha ligação estrita com a arte marcial, ele não precisa ser um artista da arte marcial. Como a religião é um caminho até Deus, para quem acredita, a arte marcial é um caminho para o lutador, mas ele não é exclusivo, de maneira que a religião não é pré-requisito da religiosidade. Qual luta, então? E quem é o lutador? O "lutador" é, ninguém mais, ninguém menos, que aquele que reage. Ele não é o "homem barroco", contraditório, porque não é artista. O artista é aquele que resiste, é certo, só que o lutador não resiste a nada. Ele simplesmente realiza uma dobra perante a adversidade, de modo que ela lhe constitui. Feiticeiros, artistas, doutos, não sabem o que é isso. O lutador é uma figura singular. A ética do guerreiro de Castañeda não pode servir, se o rei já se deitou no tabuleiro, ou recebeu xeque-mate. Todos os referenciais teóricos (ou não) morreram. Caiam na real. Partam do zero. Xadrez é um jogo de estratégia. E o lutador sabe disso mais do que ninguém. Afinal, é um enxadrista da vida. Nada como um dia após o outro, é a sua máxima, quando o jogo da vida ainda não acabou.

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