A FRAUDE LEGAL NA MEDICINA
(...) As pesquisas neuro-científicas produziram um cérebro-mente, o que se reflete no uso continuado de remédios e associações medicamentosas. É óbvio que o fármaco atua no sintoma, não mais que no sintoma. Contudo, isso não significa obter uma cura ou sequer uma melhora. A somatória dos sintomas leva o médico à conexão simples sintoma-fármaco. Daí o ato de medicar percorrer um roteiro implícito. Ora, é muito raro que o paciente apresente apenas um sintoma. Então valeria a equação “vários sintomas = vários fármacos”? Não faltam psicofármacos para embasá-la, ao contrário. O paciente vai sendo rostificado como um “ser-que-demanda-remédio”, produzindo a psiquiatria e o psiquiatra num circuito de realimentação continua. A máquina se fecha: uma produção/produto/produção tecnicamente monitorada é o trabalho do psiquiatra clínico, o qual pode até ser valorizado como ação visando o bem do paciente. Isso não impede que se considere o circuito do fármaco danoso à pesquisa sobre a loucura.
(...)
A.M.
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