sexta-feira, 17 de maio de 2013


LITERATURA E VIDA

(...) É como filósofo que Deleuze cruza a literatura,mas sempre para surpreender nesta, ou nas obras dos grandes escritores,aquilo a que chamaremos o seu paradoxo constituinte. Ou seja: uma vocação não “literária”, uma finalidade extralinguística, no coração da linguagem literária. O grande escritor, diz Deleuze, nunca escreve para se tornar escritor mas outra coisa que passa pela escrita mas a ultrapassa e que ao mesmo tempo faz da escrita mais do que escrita, “quero ser poeta, e trabalho para me tornar vidente” (Rimbaud). Um tal paradoxo, presente em raras obras que se escrevem com intenção literária, define segundo ele o mais alto poder da literatura. Define a sua criatividade específica, o seu“efeito” não obtenível pelos recursos quer da filosofia quer das outras artes,mas também o modo pelo qual a literatura encontra numa comum função criadora toda a arte e mesmo a filosofia.
(...)
Souza Dias

Nenhum comentário:

Postar um comentário