quarta-feira, 15 de maio de 2013

"ATIRE EM TUDO QUE SE MEXER"

(...)  A larga utilização de psicofármacos em associações variadas borra a linha abstrata que  divide os doentes dos não-doentes. Para a psiquiatria atual  tudo é psiquiatrizável. Esta sentença diagnóstica ocupa o lugar de poder respectivo ao enunciado. Importa que o paciente seja   medicado e adaptado. O  afeto é secundário à tal  manobra terapêutica porque ele foi posto como consciência do sentimento no pacote nosológico. Se todos  são  julgados de antemão doentes, não interessa saber o que efetivamente sentem e sim o que fazem... Trata-se de um regime paranóico guiado pela  razão: desconfiar da afetividade, desconfiar do desejo...
(...)
A.M.

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