sexta-feira, 17 de maio de 2013


O OLHO DO POETA OBSCENO VENDO...

O olho do poeta obsceno vendo 
vê a superfície do mundo redondo
      com seus telhados bêbados 
      e pássaros de pau nos varais 
      e suas fêmeas e machos feitos de barro 
 com pernas em fogo e peitos em botão 
      em camas rolantes 
e suas árvores de mistérios
e seus parques de domingos no parque e 
estátuas sem fala 
e seus Estados Unidos
com suas cidades fantasmas e Ilhas Ellis vazias 
e sua paisagem surrealista de
               pradarias estúpidas 
               supermercados subúrbios 
               cemitérios com calefação 
               e catedrais que protestam 
um mundo à prova de beijo um mundo de 
 tampas de privada e táxis 
 caubóis de butique e virgens de Las Vegas 
 índios sem terra e madames loucas por cinema 
      senadores anti-romanos e conformistas
                                               conformados 
e todos os outros fragmentos desbotados 
do sonho imigrante real demais
   e disperso
      entre esse pessoal que toma banho de sol

Lawrence Ferlinghetti (tradução de P. Leminski)

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