sexta-feira, 10 de maio de 2013


DELIRAR É VIVER

(...) O  delírio é  um conceito-chave em  psicopatologia.  Uma  clínica da diferença se  faz a  partir  desse dado implícito , mesmo que  o paciente  não  esteja  delirante  nem seja  ou tenha sido  um  delirante. Sob um  olhar  psiquiátrico, o delírio será  um sintoma. Ainda que tal  concepção seja  útil em momentos pontuais, ela mutila a vivência delirante enquanto sistema de crenças  estabelecido como uma verdade. Esse  fato tem implicações na terapêutica farmacológica. A ação  de medicar, quando imediata, pode tamponar o sintoma e impedir que urjam possibilidades de acesso ao universo delirante do paciente. Para melhor  equacionar os casos,  partimos  do  fato  de que existem  múltiplas formas clínicas do delírio.Elas demandam atitudes terapêuticas  distintas.  Buscar linhas de singularização consiste em  pôr  o delírio num quadro  diagnóstico básico  sem perder a potência infinita de afirmar um mundo, produzir  um sentido, por mais  insignificante  que  este  seja. 
(...)
A.M.

Nenhum comentário:

Postar um comentário