sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

DA ÉTICA

(...) A  psiquiatria  está morta como  pensamento (...)  Desse  modo,  antes  da técnica  é  preciso compor linhas de vida. Implica em dizer que o trabalho com o paciente segue a arte como experimentação. Experimente,  não  interprete,  diz  Deleuze. Os dados da  história pessoal  e das contingências atuais estão baralhados na superfície do Encontro. No caso do psiquiatra, será o de destruir formas sociais rígidas (por exemplo, o afã de medicar, o diagnóstico cidológico, corporativismo médico, o apelo desesperado a certas religiões etc) e criar  dobras, saídas, mesmo ínfimas e mperceptíveis, para os impasses existenciais. Atender o paciente é encontrar a loucura. Interessa, pois, ao psiquiatra, sair de si na direção de um campo vivencial movediço, sem garantias prévias, sem  receitas  ou protocolos técnicos. Sob tais condições, torna-se um feiticeiro. Carrega  o  seu balaio  de conceitos na  espreita de mais um  Encontro em que  possa usá-los. 

A.M.

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