terça-feira, 23 de junho de 2015

SANTA  ODEBRECHT  


É grande a aposta no meio político e até no mercado de que Marcelo Odebrecht acabará fechando acordo de delação premiada com o Ministério Público.

E aí será uma loucura. Ninguém duvida que tanto ele quanto o outro grande empreiteiro com quem acaba de ser preso na operação Lava Jato — o Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez — tenham bombas a soltar para todos os lados. Não só para Lula, Dilma e o PT. Essas empreiteiras têm ligações com todos os partidos, com governantes de todas as matizes. Sempre viveram de obras públicas e por isso, provavelmente sabem os podres de muita gente.

E por que se aposta que eles podem acabar falando?

Porque, ao entrarem na Lava Jato, vão dar margem a todo tipo de pesquisas sobre todo tipo de escândalo e denúncias que já tenham aparecido contra elas.

Por exemplo. Vá ali no Google e digite em inglês: “fundação contribuinte descoberto” (Foundation contributor uncovered).

Você vai encontrar algo como a história acima.

Uma reportagem publicada em 22 de outubro de 1998 pelo “St. Petersburg Times”, segundo a qual uma subsidiária da Odebrecht — a Contractors Odebrecht — foi a fonte de uma doação de US $ 70.000 à agência sem fins lucrativos de Jeb Bush.

Isso mesmo: Jeb Bush, o ex-governador do Estado da Flórida e atual pré-candidato à Presidência da República dos EUA pelo partido Republicano; irmão do ex-presidente dos EUA George W. Bush e filho de outro ex-presidente, o George Bush.

O jornal afirma que se trata de “um dos maiores mistérios que cercam fundação sem fins lucrativos de Jeb Bush”.

A empresa seria o maior doador para a tal Fundação de Jeb Bush, até então. Doou US $ 70.000 em 1995, “U$ 20.000 mais do que ninguém jamais deu e muito acima de $ 5.000 comumente contribuído pelos principais doadores”, afirma o jornal. Que completa:

“A Odebrecht ganhou contratos estaduais e municipais no valor de centenas de milhões de dólares nos últimos anos, de renovação do Aeroporto Internacional de Miami, uma nova arena Miami, pontes em toda a Flórida.”

Ainda segundo o jornal, um funcionário da Odebrecht nos EUA disse que o dinheiro foi dado para um livro escrito por Jeb Bush, quando ele não era oficialmente candidato a qualquer cargo eletivo. Não foi contribuição de campanha, portanto não seria crime.

Não foi. Mas a denúncia tornou-se um problema na segunda campanha de Jeb Bush a governador. A tal fundação passou a ser vista como uma agência sem fins lucrativos que existia unicamente para manter empregadas algumas figuras chaves de sua primeira campanha até que começasse a seguinte.

Enfim, essa coisa de escândalos é assim: vai se levantando o tapete daqui, a poeira dali, o passado… E as encrencas vão se acumulando até que se consiga sair do furacão. Se é que dá para sair.

Blog do Tales Farias,23/06/2015,08:49 hs

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