DOBRAS DA POESIA
O corpo-sem-órgãos (CsO) é o corpo do desejo, o ritmo das intensidades fluidas, o processo esquizofrênico do tempo (repetição e diferença) e não a entidade "esquizofrenia". Neste último caso torna-se prática de vida ante um dualismo que fracassa: ser normal ou ser psicótico. Apesar disso, permanece ativo como coleção de linhas existenciais clandestinas (poéticas) e abstratas (sem forma), fluxos nômades, gritos, sensibilidades. São as máquinas do desejo, são o próprio modo de operar do pensamento, aquele que vive no e do caos. Atenção: não confundir pensamento com consciência. A subjetivação ( um crivo no caos) escapa do eu numa dessubjetivação incessante: quem não é louco? Nada está assegurado. Somos todos esquizos. Considere o seu próprio corpo. Ele é invenção de mundos feita de dobras insondáveis. Não o corpo do qual a medicina, papai-mamãe, a religião e a escola gostam. Este é o organismo capturável e manipulável à serviço do senso comum. Falamos de outra coisa, uma política das subjetividades movidas pelo non sense do desejo. E é Regis Bonvicino que diz "um poeta/perguntado/sobre política e políticos/respondeu/ não estou desinteressado/antes/eles é que são/desinteressantes".
A.M.
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