domingo, 18 de outubro de 2015

À PROCURA  DA  DIFERENÇA

Em “saúde mental”, conceito que remete ao Fora, ou seja, ao funcionamento produtivo e múltiplo das sociedades e ao pensamento sem imagem (não representativo), a diferença se faz e se tece por linhas invisíveis. Por isso, e para isso segue um percurso tortuoso e arriscado onde a poesia se torna a expressão mais intensa do seu corpo supliciado e sempre alegre. Não é possível, pois, identificá-la ("veja, a diferença!") nem assimilá-la a formas sociais estáveis, a consciências bem intencionadas ou à percepções grosseiras da realidade em torno. Ora, ela não tem identidade, organização visível, rosto único, mas conteúdos formigando por toda parte, multiplicidades. Isso contraria e assusta os guardas perfilados da razão sapiente, os moralistas de plantão locupletados em escaninhos institucionais: escola, universidade, família, religião, estado, eu, tantas linhas sedentárias... Falamos de outras coisas, outros universos, sensibilidades desconhecidas e inomináveis. Assim, para além da saúde mental e da educação que lhe são correlatas enquanto experiências coletivas, a diferença só pode ser encontrada no mundo do abstrato, mundo sem forma e real, movido por devires incontroláveis. Aqui mesmo na Terra.

A.M.

Obs.: texto revisto e modificado.

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