segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Na tapera vejo que aranha é mato
Picumã cobre as cumeeiras, janelas sem batentes
Portas, só os vãos, e no chão batido, tocos de vela 
Cacos de telhas por todo o canto

O telhado pilhado evaporou... 
No centro do que era sala 
Um crânio de cachorro, ossos variados
Garrafas vazias, carvão da mobília queimada

Na tapera, no meio do mato, o cheiro é de cinza 
O silêncio é de cinza, o vazio é de cinza... é de cinza 
A poesia retida na lembrança que o escombro revela

De súbito )volúpia de vôo( o ruflar de asas: 
Curiango, morcego, coruja, assombração? O que passou?
Mera imaginação… ou recordação do susto que passei?
Talvez a voz das teias que agora uso 
para sonorizar estas linhas

Os grilos, invisíveis, indivisíveis, infinitos
Ainda cantam na reminiscência


Aristides Klafke

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