Na tapera vejo que aranha é mato
Picumã cobre as cumeeiras, janelas sem batentes
Portas, só os vãos, e no chão batido, tocos de vela
Cacos de telhas por todo o canto
O telhado pilhado evaporou...
No centro do que era sala
Um crânio de cachorro, ossos variados
Garrafas vazias, carvão da mobília queimada
Na tapera, no meio do mato, o cheiro é de cinza
O silêncio é de cinza, o vazio é de cinza... é de cinza
A poesia retida na lembrança que o escombro revela
De súbito )volúpia de vôo( o ruflar de asas:
Curiango, morcego, coruja, assombração? O que passou?
Mera imaginação… ou recordação do susto que passei?
Talvez a voz das teias que agora uso
para sonorizar estas linhas
Os grilos, invisíveis, indivisíveis, infinitos
Ainda cantam na reminiscência
Aristides Klafke
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