RETRATOS
É instrutivo ver os vários retratos que fazem de nós pela vida fora. Com traços lisonjeiros ou desagradáveis, entram-nos sempre pelos olhos dentro como estranhos, a perturbar uma paz que tinha um rosto habitual, familiar, a que estávamos acostumados. À imagem tranquila, sobrepõem-se outras inquietantes que não servem no cartão de identidade, e, contudo, nos identificam publicamente mais até do que a que nele figura. É que não se trata de neutras fotografias. São perfis apaixonados, justos ou injustos, com as virtudes e os defeitos cruamente patenteados. Quem um dia nos lembrar, é por eles que nos lembra. Somos o que nós sabemos, e parecemos o que os outros dizem de nós.
(...)
Miguel Torga
Acordei apaixonada pelo meu retrato. Não me importarei mais com os retratos que fizerem de mim, sejam eles lisonjeiros ou desagradáveis. O meu retrato, me basta a mim, a alguns “íntimos”, e a Deus que, de fato, conhece a minha essência. Portanto, não valorizarei a foto que for pintada de mim por aqueles que nos lembram, exclusivamente, por meio de seus conceitos e preconceitos. A não ser que eles se dispam de suas intolerâncias e arrogâncias para ver o que realmente sou e não o que pareço ser. Quer saber? Eles vão precisar de um caixa de lápis de cor, bem “sortida”, para pintarem o meu retrato. Sou as cores do arco-íris.
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