UMA SÓ VOZ PARA O SER
(...) Com efeito, o essencial na univocidade não é que o Ser se diga num único sentido.
É que ele se diga num único sentido de todas as suas diferenças individuantes ou
modalidades intrínsecas. O Ser é o mesmo para todas estas modalidades, mas estas
modalidades não são as mesmas. Ele é "igual" para todas, mas elas mesmas não são
iguais. Ele se diz num só sentido de todas, mas elas mesmas não têm o mesmo sentido. É
da essência do ser unívoco reportar-se a diferenças individuantes, mas estas diferenças
não têm a mesma essência e não variam a essência do ser como o branco se reporta a
intensidades diversas, mas permanece essencialmente o mesmo branco. Não há duas
"vias", como se acreditou no poema de Parmênides, mas uma só "voz" do Ser, que se
reporta a todos os seus modos, os mais diversos, os mais variados, os mais diferenciados.
O Ser se diz num único sentido de tudo aquilo de que ele se diz, mas aquilo de que ele se
diz difere: ele se diz da própria diferença.
(...)
G. Deleuze in Diferença e Repetição
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