O JOGO DAS DIFERENÇAS
A ideia funesta de tentar cassar na Justiça o registro do Partido dos Trabalhadores, acalentada por fileiras incultas do PSDB, caiu por terra. Ainda bem. O projeto autoritário morreu logo, mas a verdade é que nunca deveria ter nascido. Tentar amputar diferenças ideológicas por meio de decretos judiciais é o tipo de ilusão que não apenas não resolve, como agrava as dificuldades da democracia brasileira, que já não são pequenas.
Chega a ser inacreditável que homens públicos com vivência no Parlamento, por mais conservadores que sejam, embarquem em fantasias tão obscurantistas. Partidos, os bons e os maus, refletem correntes de pensamento existentes na sociedade. Suprimir essa ou aquela sigla por medidas artificiais pode até mudar o espectro partidário, mas não muda a sociedade. Além de não solucionar, piora o deficit de representatividade. Piora tudo.
Somente o debate esclarecido e a disputa política, em um ambiente de liberdade plena, dão conta de superar os impasses que surgem no caminho. Qualquer outra saída que não passe pela livre expressão e pela livre associação (partidária, inclusive) é um flerte com regimes ditatoriais. Por isso, ainda bem que, graças a ponderações de tucanos mais sensatos, as falanges menos esclarecidas do PSDB sossegaram o facho.
(...)
Eugênio Bucci, Época, 29/02/2016, 08:03 hs
Nenhum comentário:
Postar um comentário