sábado, 16 de abril de 2016

LOUCURA DAS ORIGENS

No fundo do homem, o Isso: a célula esquizofrênica, as moléculas esquizo, suas cadeias e jargões. Há toda uma biologia da esquizofrenia; a própria biologia molecular é esquizofrênica. (...) (...) Mas, inversamente, a esquizofrenia, a teoria da esquizofrenia é biológica, biocultural, pois considera as conexões maquínicas de ordem molecular, sua repartição em mapas de intensidade sobre a molécula gigante do corpo sem órgãos, e as acumulações estatísticas que formam e selecionam os grandes conjuntos. Szondi dedicou-se a esta via molecular descobrindo um inconsciente gênico que ele opunha ao inconsciente individual de Freud, assim como ao inconsciente coletivo de Jung. Frequentemente, ele dá a esse inconsciente gênico ou genealógico o nome de familiar; e o próprio Szondi, no estudo da esquizofrenia, emprega conjuntos familiares como unidades de medida. Mas o inconsciente gênico tem pouco de familiar, muito menos que o de Freud, porque o diagnóstico é feito reportando o desejo a fotografias de hermafroditas, de assassinos etc., em vez de assentá-lo, como de hábito, sobre imagens de papai-mamãe. Finalmente, um pouco de relação com o fora. Todo um alfabeto, toda uma axiomática com fotografias de loucos; é preciso testar “a necessidade de sentimento paterno” numa escala de retratos de assassinos, e é inútil dizer que isso permanece em Édipo, pois, na verdade, isso abre singularmente.
(...)
G. Deleuze e F. Guattari in O anti-édipo

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