LOUCURA DAS ORIGENS
No fundo do homem, o Isso: a célula esquizofrênica,
as moléculas esquizo, suas cadeias e jargões. Há toda uma biologia
da esquizofrenia; a própria biologia molecular é esquizofrênica. (...) (...) Mas, inversamente, a esquizofrenia, a
teoria da esquizofrenia é biológica, biocultural, pois considera as
conexões maquínicas de ordem molecular, sua repartição em mapas
de intensidade sobre a molécula gigante do corpo sem órgãos,
e as acumulações estatísticas que formam e selecionam os grandes
conjuntos.
Szondi dedicou-se a esta via molecular descobrindo um inconsciente
gênico que ele opunha ao inconsciente individual de
Freud, assim como ao inconsciente coletivo de Jung. Frequentemente,
ele dá a esse inconsciente gênico ou genealógico o nome de
familiar; e o próprio Szondi, no estudo da esquizofrenia, emprega
conjuntos familiares como unidades de medida. Mas o inconsciente
gênico tem pouco de familiar, muito menos que o de Freud, porque
o diagnóstico é feito reportando o desejo a fotografias de hermafroditas,
de assassinos etc., em vez de assentá-lo, como de hábito,
sobre imagens de papai-mamãe. Finalmente, um pouco de relação
com o fora. Todo um alfabeto, toda uma axiomática com fotografias de loucos; é preciso testar “a necessidade de sentimento paterno”
numa escala de retratos de assassinos, e é inútil dizer que isso
permanece em Édipo, pois, na verdade, isso abre singularmente.
(...)
G. Deleuze e F. Guattari in O anti-édipo
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