segunda-feira, 24 de abril de 2017

DEPOIS DA TEMPESTADE

(...)
Voltando aos desastres naturais, sempre me impressionei com os japoneses. Por mais desolador que seja o panorama, esfregam as mãos e reconstroem tudo com rapidez. Pontes que levamos anos para construir no Brasil, consumindo milhões com propinas, reaparecem em semanas, novas, honestas, reluzentes. Bobagem supor que vamos nos comportar exatamente como os japoneses. O peso cultural é acachapante, consome gerações para se transformar. Mas tudo muda.
O Brasil que iniciamos com o movimento das Diretas já não existe mais. Nossa geração de políticos não soube ler os sinais no horizonte.
A delação do fim do mundo é o prenúncio de um novo mundo. Será que agora, escrito em letras garrafais e até com desenhos, finalmente, vamos compreender em que país vivemos?

Fernando Gabeira, 23/04/2017

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