terça-feira, 18 de abril de 2017

SIGNOS EM ROTAÇÃO
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Quem procura a verdade é o ciumento que descobre um signo mentiroso no rosto da criatura amada; é o homem sensível quando encontra a violência de uma impressão; é o leitor, o ouvinte, quando a obra de arte emite signos, o que o forçará talvez a criar, como o apelo do gênio a outros gênios. As comunicações de uma amizade tagarela nada são em comparação com as interpretações silenciosas de um amante. A filosofia, com todo o seu método e a sua boa vontade, nada significa diante das pressões secretas da obra de arte. A criação, como gênese do ato de pensar, sempre surgirá dos signos. A obra de arte não só nasce dos signos como os faz nascer; o criador é como o ciumento, divino intérprete que vigia os signos pelos quais a verdade se trai
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G. Deleuze in Proust e os signos

2 comentários:

  1. O pensar é posterior à criação? E sobre a verdade: não se pode querer dizê-la ela precisa ser desvendada?

    Adriana

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  2. seguindo Deleuze, "pensar é criar".
    o que se chama comumente de "pensar" está restrito ao universo da representação.
    e para pensar é necessário o Encontro com os signos, sofrer a violência dos signos.
    qto a "verdade" Deleuze refere-se a obra de Proust onde o autor busca uma verdade ao longo de um "aprendizado dos signos", o que só surgirá no final.
    não é uma obra voltada ao passado , mas ao futuro.

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