sexta-feira, 21 de abril de 2017

FRAUDES BRANCAS

A grande limitação epistemológica, ou seja, a "doença" profunda da Medicina, chama-se mecanicismo. Trata-se de um pensamento raso em termos conceituais. Ele se baseia numa suposta linearidade causa-efeito na ocorrência dos quadros sindrômicos. No entanto, esse fato não provocaria tantos estragos no paciente se o lugar social da Medicina não fosse o de um poder consolidado e inserido "naturalmente" na realidade do capital. Seguinte: não falamos do capital somente como determinante econômico, mas sobretudo como operador semiótico (captura dos órgãos =significados fixos), de onde e por onde a Clínica Médica passa a ser utilizada como instrumento de controle dos corpos e, daí, produção incessante de lucro. Na esteira dessas questões, a psiquiatria atual desponta como a especialidade médica que melhor traduz o reducionismo violento sobre o paciente, haja vista a ausência de objetos sólidos e visíveis na sua prática. Ninguém nunca "pegou" na mente, ou ninguém nunca "viu" a angústia ou a fobia ou o pânico ou o delírio de um paciente. É uma constatação - óbvia - mas que não aparece nas pesquisas etiológicas (causas das doenças) e talvez por isso elas constituam um campo tão pobre em investimentos e resultados. Há, pois, uma vontade política de querer fazer com que as coisas continuem para sempre como são. Ou como estão. O Medo, como produto social, sustenta esse estado de coisas.

A.M.

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