domingo, 30 de julho de 2017

O RIO DE JANEIRO CONTINUA LINDO

Aposentado desde 2012, o técnico em radiologia Gilson Alves, de 69 anos, tem saudade do tempo em que recebia do Estado do Rio seu salário em dia. Segundo ele, nunca lhe faltou nada. O aluguel era pago em dia, a feira enchia a despensa e o dinheiro dava para bancar todas as obrigações. A crise, porém, passou como um furacão em sua vida. Com dois salários atrasados — maio e junho —, Seu Gilson ficou sem condições de bancar o aluguel. Ele “morou” na rua, por poucos dias, antes de ser acolhido pelo abrigo Stella Maris, na Ilha do Governador, administrado pela Prefeitura do Rio.

— Quero que o governo pense um pouco na situação que estamos passando. Ninguém chega no armazém ou no mercado e diz que vai pagar em dois ou três meses. Estamos vivendo um dia pior que o outro — disse o aposentado, que recebeu a reportagem do EXTRA em uma visita ao abrigo.

O aposentado, que perdeu a perna esquerda em um acidente aos 5 anos, recebe toda a assistência necessária no abrigo.

— Tive uma vida boa, de forma humilde. Não tenho parentes. Com os problemas no nosso pagamento, acabei aqui dentro (no abrigo). Sou querido por todos aqui— festejou.

Segundo Tereza Bergher, secretária Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, o número de pessoas em situação de rua triplicou entre 2013 e 2016 — passou 5.580 para 14.279. Bergher lembrou que o atraso sobre os salários dos servidores contribuiu decisivamente para esse aumento.

— Acho que toda essa crise do Estado teve um reflexo no município. É uma situação humilhante para quem trabalhou a vida toda. Esse é apenas um entre os vários casos anônimos que existem pela cidade — lamentou a secretária.
(...)

Nelson Lima Neto, Extra, 30/07/2017, 08:11 hs

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