domingo, 3 de setembro de 2017

DEPOIS DE AUSCHWITZ

Agnes Heller (Budapeste, 1929) resume a história da Europa, ou melhor, a tragédia da Europa. Esta filósofa, uma das pensadoras mais influentes da segunda metade do século XX, sobreviveu ao Holocausto, embora seu pai tenha sido assassinado em Auschwitz. Após a Segunda Guerra Mundial, esta discípula do filósofo marxista Georg Lukács se tornou uma dissidente na Hungria comunista, após a invasão soviética de 1956, e acabou se exilando, primeiro na Austrália, onde foi professora em Melbourne, depois na Universidade de Nova York. Continua dando conferências pelo mundo, mas sempre volta a um apartamento luminoso e arejado no sul de Budapeste, de onde tem uma bela vista do Danúbio.
(...)

P. Como conseguiu sobreviver ao Holocausto?

R. Como todo mundo que conseguiu sair vivo daquilo, por acidente. Meu pai foi assassinado em Auschwitz, minha mãe e eu estávamos prestes a morrer, mas de alguma forma escapamos. Os Flechas Cruzadas (fascistas húngaros) mataram muitos judeus ao longo do Danúbio, mas pararam antes de chegar na nossa casa. Também atiraram em mim, mas como sou baixa, o tiro passou por cima da minha cabeça. Em outro momento, fomos colocadas em uma fila. Sabia que não deveríamos ficar ali porque iam nos matar e conseguimos escapar. Embora isso não tenha sido sorte, foi instinto.
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Guilhermo Altares, Entrevista de Agnes Heller a El País, 02/09/2017, 16:27 hs

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