terça-feira, 19 de setembro de 2017

NÃO SOU UM DE VOCÊS

A diferença não é o indivíduo. A diferença é a multiplicidade. O que isso quer dizer? Quer dizer que somos compostos por linhas de singularização. Não somos os mesmos, não somos iguais, não somos normais, exceto como serviçais da ordem estabelecida. Ao contrário, os devires nos tomam, nos afetam e nos movem em processos afetivos. Isso flui. Nada romântico. A diferença é ,então, “obrigada”, pelos poderes vigentes, a se expressar como maldita, cruel, pária, excluída, traste, marginal. É que os signatários da ordem burguesa adoram marcar suas referências de valor excluindo o que não é espelho. Amam odiar o que desconhecem. Amam o ódio. O ódio e o ressentimento chegam disfarçados de bondade. Veja a direita, tanto entre os petistas quanto entre os bolsonaristas.  Oh, quão semelhantes! Daí, reprimir passa a ser natural como o sol. Ser diferente não busca, nem é o individual. É outra coisa: viaja entre modos subjetivos opacos à razão estabelecida. Não é fácil.


A.M.

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