sábado, 16 de setembro de 2017

O QUE SERÁ

Há qualquer coisa no ar. Impossível saber do que se trata. Nem mesmo cogitar se é uma coisa palpável, para pelo menos organizar as percepções. O fato é que são estranhas sensações. Percorrem o corpo em brasa. Há qualquer coisa, sentimos, não identificável, fugidia, talvez mesmo invisível. Atravessa espaços e chega às colinas verdes de um pensamento sem imagem. Fala de anjos, forças cósmicas, deuses, musas, seres errantes, estados dionisíacos. Talvez uma música ao longe se aproxime e estabeleça um ritmo de dança para entender o que se passa. É preciso, no entanto, escutar vozes para se conseguir dizer: há qualquer coisa no ar dos pulmões tecendo um brilho nos olhos. E se os dias seguem irreversíveis, a cada segundo intuímos na carne dos sonhos: sim, existe alguma coisa sem nome embriagando a existência. Ela fabrica o sol e envia todos os signos da alegria.

A.M. 

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