OBJEÇÕES NÃO LEVAM A NADA
É difícil "se explicar" – uma entrevista, um diálogo, uma conversa. A
maior parte do tempo, quando me colocam uma questão, mesmo que ela me
interesse, percebo que não tenho estritamente nada a dizer. As questões são
fabricadas, como outra coisa qualquer. Se não deixam que você fabrique suas
questões, com elementos vindos de toda parte, de qualquer lugar, se as
colocam a você, não tem muito o que dizer. A arte de construir um problema
é muito importante: inventa-se um problema, uma posição de problema,
antes de se encontrar a solução. Nada disso acontece em uma entrevista, em
uma conversa, em uma discussão. Nem mesmo a reflexão de uma, duas ou
mais pessoas basta. E muito menos a reflexão. Com as objeções é ainda pior.
Cada vez que me fazem uma objeção, tenho vontade de dizer: "Está certo,
está certo, passemos a outra coisa." As objeções nunca levaram a nada. O
mesmo acontece quando me colocam uma questão geral. O objetivo não é
responder a questões, é sair delas. Muitas pessoas pensam que somente
repisando a questão é que se pode sair delas. "O que há com a filosofia? Ela
está morta? Vai ser superada?" É muito desagradável.
(...)
G. Deleuze e C. Parnet in Diálogos
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