MIL ESQUERDAS
Há uma sensibilidade de "esquerda" completamente estranha à da esquerda marxista. Nesse caso, o pensamento marxista passa a ser utilizado em fragmentos (enunciados) nunca totalizáveis. É que o valor do texto marxiano nos parece inquestionável. Ele é necessário para a busca de um certo entendimento da realidade do capital, já que foi Marx o autor que talvez mais tenha escrito sobre a Coisa. Trata-se do "econômico", conceito bem mais amplo e preciso que "financeiro". "Desejo" é, pois, um conceito econômico, pelo menos no sentido deleuziano. Assim, não é possível falar de uma esquerda, mas de muitas, mil, cem mil esquerdas. O que têm em comum é a afirmação das diferenças: singularizações múltiplas. Isso não é nem um pouco abstrato. Insere-se em práticas sociais concretas, mesmo que que não sejam visíveis ao olhar imediato do senso comum da consciência vigilante. A luta das minorias (não quantitativas, mas desejantes) serve como referência a tais esquerdas. É possível citar, a guisa de exemplos, algumas minorias com a marca da opressão sob variados matizes e gravidade. Os pobres, as mulheres, as crianças, os negros, os índios, os velhos, os loucos, os homossexuais (incluindo-se os "n" sexos),os imigrantes, entre muitas outras minorias, atravessam a História.Uma sensibilidade de esquerda é afetada pelas linhas coletivas que compõem tais minorias. Não para buscar uma identidade, mas para libertar a vida, ali onde ela está sendo esmagada.
A.M.
P.S. - texto repostado e modificado.
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