sábado, 12 de maio de 2018

MATERNIDADE E SAÚDE MENTAL

Associações e organizações de países de todo o mundo estão se mobilizando para que a primeira quarta-feira de maio de todos os anos seja considerada o Dia Mundial da Saúde Mental Materna. Uma reivindicação organizada em torno da Global Alliance for Maternal Mental Health e que busca pôr em primeiro plano um aspecto importantíssimo da maternidade que muitas vezes fica invisível e é minimizado pela sociedade. Os transtornos mentais relacionados à maternidade são também muitas vezes diretamente escondido pelas próprias mães, submetidas à crença de que a maternidade só pode trazer consigo sentimentos relacionados com a felicidade. Daí a importância de enfatizar o problema neste Dia das Mães, celebrado no Brasil próximo domingo, 13 de maio.

Qualquer mulher, independentemente de sua cultura, idade, nível de renda e etnia, está exposta a desenvolver transtornos do humor e de ansiedade perinatal que podem aparecer a qualquer momento da gravidez ou durante o ano seguinte ao parto. Não por acaso, segundo dados da própria Global Alliance, estima-se que em muitos países até uma de cada cinco novas mães experimenta algum tipo de transtorno do estado de ânimo e ansiedade perinatal (PMAD), uma cifra que aumenta no caso de perdas perinatais.
(...)

Adrián Cordellat, El País, 11/05/2018, 11:39 hs


2 comentários:

  1. Um pouco da minha experiência de mãe:
    "A crença de que a maternidade só pode trazer consigo sentimentos relacionados com a felicidade" quase me fez ficar "maluca". Fiquei doente por não conseguir ficar feliz com o nascimento do meu filho. Ué, ter filhos é sempre uma benção, um momento de felicidade e devemos aceitar com alegria os filhos que a nós nos foi confiados. Não é assim na "teoria"?
    Passei anos sem entender por que eu não chorei de alegria no momento dos meus dois partos. Todas as mães choram, não é? Espalham aos quatro ventos que foi um momento lindo, a melhor coisa que aconteceu na vida delas; que a partir daquele momento elas encontraram a razão de viver. Que tudo passou a ser mais bonito e etc.
    Confesso que desejei ter chorado. Que desejei levar o meu bebê saudável para casa e celebrar. E receber os amigos, os familiares para as visitas. E servir-lhes os quitutes que eu havia feito para aquele momento tão especial (havia feito salgadinhos - estavam no freezer). A minha mãe iria preparar o pirão de parida, mas nada disso foi possível. E eu não consegui ficar com a felicidade que todos falavam. E eu não entendia por quê. Estava num estado de choque e eu fazia um esforço supra humano para desenvolver o sentimento de amor incondicional que "toda" mãe deve ter. Mas eu não consegui e o meu inconsciente me puniu por isso.
    E no segundo parto eu pensei, vai ser diferente agora. Eu vou conseguir chorar. Nasceu uma menininha linda, saudável, rosada igual a uma manga rosa. Todos ficaram muito felizes, mas eu, de novo, não consegui chorar. Só depois de muitos anos eu pude entender por quê. Ora, é querer demais que fiquemos sempre felizes com a maternidade, sem considerar as adversidades que cada mãe enfrenta, não acha?
    O tempo passou. Foi uma jornada até eu recuperar a minha saúde. E agora estou tentando aprender a ser a mãe "possível".
    Feliz dias das mães. Desejo que sejam as mães que podem ser. Não as mães que os outros idealizam.

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