quinta-feira, 17 de maio de 2018

Lágrima Negra

Aperto fortemente a pena ingrata
entre os dedos nervosos e trementes,
e os versos jorram, claros e estridentes,
n'uma cascata, n'uma catarata!

Escrevo, e canto cânticos ardentes,
enquanto dos meus olhos se desata
uma fiada de lágrimas de prata
como um colar de pérolas pendentes...

Eu canto o sofrimento, a ânsia incontida
de amor, que é a maior ânsia desta vida,
- a vida a que a humanidade se condena!

E todo o meu sofrer, todo, se pinta
n'este pingo de dor-- pingo de tinta,
lágrima negra que me cai da pena.


Dante Milano

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