terça-feira, 30 de junho de 2020

A MAIOR NAÇÃO DO MUNDO

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Todos nós temos sentimentos conflitivos a respeito dos Estados Unidos. Ao longo de toda a nossa vida, os Estados Unidos têm sido uma presença realmente muito forte. Costumo passar uns quatro meses por ano lá, conheço bastante bem o país, e é a primeira vez, vendo como se desenrolam sob Donald Trump, e vendo a catástrofe do coronavírus, que você fica com a impressão de que é um lugar digno de pena. Houve tal implosão das políticas públicas que eles são incapazes de cuidar de seus cidadãos da forma mais básica. Todos os governos cometeram erros, ninguém é perfeito, tampouco a Espanha, mas a negligência deliberada que há no centro dos Estados Unidos neste momento nos dá força para recordar que a maioria das pessoas não votou em Trump. Há certo discurso que sublinha que, já que escolheram Trump, têm o que merecem, mas ninguém merece isto realmente. Essa capacidade de observá-los de fora, com afeto, com admiração pelos melhores aspectos dos Estados Unidos, leva agora à impressão de que o lugar está indo para o buraco. E algo parecido ocorre com o Reino Unido. De maneira sucessiva [Reino Unido e EUA] foram as grandes potências do Ocidente. O lugar do império britânico foi ocupado pelos Estados Unidos, e ambos os países, na crise atual, são incapazes de fazerem aquilo que primeiro se espera de uma nação, que é proteger os seus cidadãos.
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Fintan O´Toole, entrevista a Juan Cruz, El País, 30/06/2020, 16:07 hs

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