terça-feira, 30 de junho de 2020

FALTA DE EDUCAÇÃO

Durou pouco a ilusão de que o Ministério da Educação viveria uma fase de normalidade. O governo de Jair Bolsonaro promove no MEC uma revolução nos costumes administrativos. Conseguiu produzir um caso raro de ministro que ganhou as feições de ex-ministro no intervalo entre a publicação do ato de nomeação no diário Oficial e o cancelamento da cerimônia de posse.

Com a piada Velez Rodríguez e o desastre Abraham Weintraub, Bolsonaro fabricou duas crises. Com Carlos Alberto Decotelli, o presidente incorporou ao seu governo uma crise que já veio pronta. O Ministério da Educação vai se consolidando como um laboratório de culinária experimental. Velez e Weintraub fritaram-se na sua própria gordura. Decotelli, com seu currículo fake, já chegou carbonizado.

Os títulos de doutor e pós-doutor que Decotelli dizia possuir eram de vidro e se quebraram. Seu mestrado, sob reexame, está infectado pelo vírus do plágio. O currículo do professor era feito de cinzas. A diferença entre os descalabros anteriores e o atual está no apadrinhamento. Velez e Weintraub traziam na testa a marca de Olavo de Carvalho. Decotelli chegou à mesa de Bolsonaro com o aval da ala militar do Planalto.

Desde que percebeu que Bolsonaro trata com naturalidade a turbulência no setor educacional, o brasileiro vinha se habituando com a presença do descalabro numa área estratégica. Depois do esculacho representado pelo caso do ministro que passou a desfilar sua aparência de ex-ministro pelos corredores de Brasília antes da posse, tudo pode acontecer na Educação, exceto uma surpresa.

Josias de Souza, UOL, 30/06/2020, 16:58 hs

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