sábado, 6 de junho de 2020

GOVERNO DE GUERRA

“Bolsonaro teve que formar um Governo de guerra. Mas não é uma guerra contra o vírus, é uma guerra para se manter no poder. É isso que é repugnante”, afirmou Marcos Nobre, professor da UNICAMP e presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), em entrevista para o EL PAÍS nesta quinta-feira. O filósofo acaba de publicar o livro Ponto Final - A Guerra de Bolsonaro contra a democracia (Todavia), em que analisa o Governo do presidente Jair Bolsonaro e a escalada autoritária no país. Para ele, Bolsonaro “tenta destruir as instituições por dentro”, e é preciso que as forças democráticas de direita, de centro e de esquerda se unam em torno da queda do presidente. O movimento deve ser similar ao das Diretas Já, que pediu por eleições diretas no final da ditadura militar, e do impeachment de Fernando Collor, em 1992.
O pesquisador acredita, porém, que esse horizonte de união ainda precisa ser construído. “Impeachment não é uma questão de vontade, é uma questão de construção política complicada. E é complicada porque nos últimos anos essa lógica de guerra fez com que essas forças políticas deixassem de confiar uma nas outras”, explica Nobre. Ele acrescenta ainda que as forças políticas serão “obrigadas” a conversar em algum momento. Mas, para que isso aconteça, a base da sociedade também precisa conversar e empurrar os partidos. “Essa negociação tem que começar na base da sociedade. Tudo bem que está difícil ter almoço de domingo, mas começa ali no almoço de domingo, no grupo de WhatsApp da família e dos colegas de trabalho”, afirma. “Não só temos uma crise sanitária, uma crise econômica e uma crise politica. Pela primeira vez também corremos o risco de perder a democracia. Então, tem que ficar claro que ou você junta todo mundo ou esse país vai se inviabilizar”
(...)

Pelipe Bettim,Talita Bedinelli, El País, São Paulo, 04/06/2020, 14:09 hs

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