terça-feira, 30 de junho de 2020

ESTUDO CLÍNICO DOS DELÍRIOS - III

Delírios podem surgir em síndromes histéricas. São os chamados quadros de dissociação da consciência. O paciente se mostra mentalmente desorganizado, não conseguindo, por um período de tempo variável, realizar adequadamente tarefas simples. Este dado  é "preenchido" por uma fala delirante que vem acompanhada por alterações da consciência, tais como falso reconhecimento de si e do mundo, alucinação, desorientação temporoespacial,  inquietaçao psicomotora, heteroagressividade, etc. Na histeria dissociativa não existe o "delírio puro", já que este segue o fluxo da consciência dissociada da Realidade na qual o paciente se insere. A duração de tal configuração clínica tende a ser curta (horas) já que, não havendo etiologia orgânica, a consciência se refaz, se reorganiza, a depender, óbvio, das circunstâncias em torno. Há que se destacar que a histeria, ao extravasar o modelo biomédico (o doutor se pergunta "do que se trata?"), costuma produzir um incômodo no profissional médico, levando-o por vezes a um diagnóstico e tratamento completamente equivocados. Por exemplo, um diagnóstico de esquizofrenia (entre outros) pode deixar no paciente não esquizofrênico sequelas indeléveis, mormente se usar psicofármacos anti-psicóticos em doses elevadas. Ou adotar posturas manicomiais e policialescas.

A.M.

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