ISSO RESISTE
(...) A humanidade arrasta-se penosamente sob o peso da opressão política e
econômica; ela é embrutecida, degenerada e morta (nem sempre de forma lenta)
pela miséria, pela escravidão, pela ignorância e seus efeitos. Esta situação é
mantida por poderosas organizações militares e policiais, que respondem pela
prisão, pelo cadafalso e pelo massacre a toda tentativa de mudança. Não há
meios pacíficos, legais, para sair desta situação. É natural, porque a lei é feita
pelos privilegiados para defender expressamente seus privilégios. Contra a força
física que barra o caminho, não há outra saída para vencer senão a força física, a
revolução violenta.
Sem nenhuma dúvida, a revolução produzirá numerosas infelicidades,
muitos sofrimentos; mas, mesmo que ela produzisse cem vezes mais, seria uma
bênção em relação a todas as dores hoje engendradas pela má formação da
sociedade.
Sabe-se que numa única batalha morrem mais pessoas do que na mais
sangrenta das revoluções; que milhões de crianças morrem anualmente muito
cedo, por falta de cuidados; que milhões de proletários morrem a cada ano,
prematuramente, em conseqüência da miséria. Conhece-se a vida raquítica, sem
alegrias e sem esperanças que leva a maioria dos homens. Mesmo os mais ricos
e os mais poderosos são menos felizes do que poderiam ser numa sociedade
igualitária. Este estado de coisas perdura desde tempos imemoriais. Isto duraria,
portanto, sem a revolução que combate resolutamente os males em suas raízes e
pode colocar de uma vez por todas a humanidade no caminho de seu bem-estar.
Boas-vindas, portanto, à revolução: cada dia de atraso inflige à humanidade
mais uma enorme massa de sofrimentos. Esforcemo-nos e trabalhemos para que
ela chegue rapidamente e consiga acabar para sempre com todas as opressões e
explorações.
É por amor aos homens que somos revolucionários: não é nossa culpa se a
história nos obriga a esta dolorosa necessidade.
(...)
Errico Malatesta in Escritos Revolucionários - Programa Anarquista, 1903
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