DIFERENÇAS
Mudei-me da casa dos eruditos e bati a porta ao sair. Por muito tempo, a minha alma assentou-se faminta à sua mesa. Não sou como eles, treinados a buscar o conhecimento como especialistas em rachar fios de cabelo ao meio. Amo a liberdade. Amo o ar sobre a terra fresca. É melhor dormir em meios às vacas, que em meio às suas etiquetas e respeitabilidades.
(...)
Nietzsche
Do lado de cá Nietzsche, não foram com os eruditos que sentei-me à mesa ou melhor, no chão. Foi com os tiranos mesmo. Dos dois lados um poder instituído. A minha alma, faminta não de conhecimento, mas do afeto, de liberdade, foi obrigada a comer do pão seco que me serviram na gaiola. As minhas asas tinham sido cortadas, não poderia voar. E depois, as grades da gaiola eram de ferro, difícil ultrapassá-las. Mas, sorte a minha, um passarinho, um médico, dois médicos, vieram me salvar. Jogaram um “cordão de Ariadne” pra mim por entre as frestas. Eu me agarrei nesse cordão e mesmo de asas quebradas, movida pela arte de produzir belezas, fugi de lá. Agora, do lado de fora, estou consertando as minhas asas para alçar o voo das borboletas, estou, literalmente, contemplando as estrelas do céu, à noite. Não quero rachar fios de cabelo ao meio. Mesmo por quê, a maior parte dos meus ficou presa às grades da gaiola quando das várias tentativas de fuga. Concordo com você Nietzsche: É melhor dormir em meio às vacas, que em meio às suas etiquetas e responsabilidades.
ResponderExcluir“Ninguém merece viver em um ambiente emocionalmente tóxico; sair dele não é somente necessário, é absolutamente vital”.