sexta-feira, 25 de março de 2016

SOBRE O ABISMO

Em Saúde Mental, mais precisamente na prática clínico-psicopatológica, a utilização do modelo das formas sociais "Senso Comum" e "Bom Senso", produz efeitos de normalização ("repressão") social sobre os pacientes. São técnicas de adaptação consentida ao horror dos tempos. A psiquiatria clínica de marca biologizante, as psicoterapias de variados matizes, inclusive os científicos, etc, operam desse modo; ou melhor, determinam um modo de perceber o outro, o paciente. "Você tem tudo, não entendo por que está deprimido". Colapso do método da Consciência como visão do mundo estreitada em perplexidades improdutivas e burocracias do pensamento.  Ao contrário, e bem mais além, trabalhando uma clínica que busque afirmar diferenças, mesmo e principalmente desconcertantes, criando multiplicidades num campo social aberto, o senso comum e o bom senso tendem a ser considerados como "falsos problemas" instilados pela cultura-em-nós. Nos seus lugares,  linhas de saberes novos, linhas de potência existencial, sensibilidades fora do lugar, linhas de vida, sutis e por isso nem sempre visíveis ou mensuráveis, compõem rizomas difíceis de serem expressos, mas que insistem. Então, o trágico segue o ato inovador como alegria sem culpa.

A.M.

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