SABOTAGEM DO DESEJO
É importante que os termos "senso comum" e "bom senso" sejam concebidos como práticas sociais, e não como conceitos. É que os conceitos podem ser tomados como abstração, idealização, mas as práticas sociais não. Isso é fácil de verificar na psiquiatria fármaco-biológica. Ao prescrever um remédio químico, o psiquiatra intervêm na vida concreta do paciente, incluindo efeitos terapêuticos, colaterais, adversos, sugestivos, transferenciais, etc, biopoderes, enfim, que produzem subjetividades. Daí, práticas. O Senso Comum e o Bom Senso funcionam embutidos, escondidos em discursos grávidos de verdades, sejam científicas, tecnológicas, religiosas, filosóficas, e tantas mais quanto for necessário o controle. Tal controle é o índice clínico e semiótico para se poder dizer; "Ah, ele está melhor!" No entanto, para além da psiquiatria em sua explicitude clínica e do seu primarismo teórico, as psicoterapias lastreadas pelo senso comum e pelo bom senso também geram efeitos de controle mental não tão explícitos, claro, mas também contrários à produção desejante de singularidades existenciais.
A.M.
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