FAZER DIZER
Segundo uma pragmática linguística, é possível conceber o diagnóstico psiquiátrico como um enunciado. Desse modo, ele traz em si mesmo a palavra-de-ordem usada como função-linguagem necessária para fazer dizer: "você é bipolar", ou qualquer outro diagnóstico, qualquer outro sintoma disfarçado de diagnóstico. Transtorno do pânico não é diagnóstico (mesmo sendo), não é doença, mas um sintoma. Refere-se a um sofrimento (talvez indizível...), não mais. Contudo, ele se inscreve no corpo do paciente como "cogito-doença" aprisionado à grade biomédica ( a CID-10) o que irá torná-lo refém da clínica psicopatológica numa inserção social prévia, ou, mais precisamente, na moral. Assim, pode-se afirmar que todo diagnóstico psiquiátrico tem um a priori moral. Ele se sustenta na avaliação da conduta dita patológica em termos de adequação (ou não) aos códigos sociais vigentes.
A.M.
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