domingo, 12 de março de 2017

O ENIGMA

BERLIM — Na contramão da sua tradição histórica, conhecida por receber judeus que fugiam da perseguição nazista e como um país progressista e liberal, a Holanda acompanha com suspense a expansão da extrema-direita e do racismo, o que pode ganhar contornos ainda mais fortes com a possível eleição de Geert Wilders, candidato do Partido da Liberdade (PVV), na próxima quarta-feira. Ao contrário de outros países onde a extrema-direita cresce, a Holanda não sofreu um atentado terrorista, não tem uma alta taxa de desemprego nem enfrenta uma crise econômica, daí a surpresa com o descontentamento da população com os partidos tradicionais e o impulso que o movimento vem tomando desde o início do século.
Embora todos os partidos, inclusive o conservador do primeiro-ministro Mark Rutte (DVV), já tenham recusado de antemão qualquer tipo de aliança com Wilders, uma vitória do PVV é vista por analistas políticos como ameaça para a União Europeia. Não só pelo fato de o candidato defender a saída do país do bloco como porque poderia causar reflexos nas eleições francesas, em abril.
— O sucesso da extrema-direita na Holanda é um enigma que desperta, de novo, muitas indagações sobre a identidade nacional do povo holandês — lembra o escritor Geert Mak.
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Graça Magalhães Ruether, O Globo, 12/03/2017, 13:20 hs


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