UMA LOUCURINHA
Vou contrariar os sensatos conselhos dos economistas de plantão. Essa laminha da conta inativa do FGTS, fruto do seu bíblico e sagrado suor, deve ser gasta com uma viagem de amor. No mínimo com um piquenique no domingo do parque, um combo cinema+jantar romântico, algo que você não faz com a dita pessoa amada/amante há muito tempo.
Sei que pagar dívidas, como recomendam as frias marionetes da racionalidade, seria o correto. Que tal esquecer o banco e os credores apenas por um momento na vida e fazer uma loucura? Uma loucurinha, afinal, a considerar a média, a maioria dos trabalhadores receberá pouca grana.
Será inesquecível. Depois você corre atrás, qual um Usain Bolt da sobrevivência, e cobre ou rola a dívida. Haja irresponsabilidade do cronista —mestre em desastres financeiros e portador de um delirante capital amoroso, como sopraria neste momento o poeta e psicanalista Hélio Pellegrino. Uma loucurinha, eis a pedida.
(...)
Xico Sá, El País, 10/03/2017,18:14 hs
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