SAIR DA LÍNGUA
A língua é, segundo uma fórmula de Weinreich, "uma realidade
essencialmente heterogênea". Não existe uma língua-mãe, mas tomada de
poder por uma língua dominante dentro de uma multiplicidade política. A
língua se estabiliza em torno de uma paróquia, de um bispado, de uma
capital. Ela faz bulbo. Ela evolui por hastes e fluxos subterrâneos, ao longo
de vales fluviais ou de linhas de estradas de ferro, espalha-se como manchas
de óleo. Podem-se sempre efetuar, na língua, decomposições estruturais
internas: isto não é fundamentalmente diferente de uma busca das raízes. Há
sempre algo de genealógico numa árvore, não é um método popular. Ao
contrário, um método de tipo rizoma é obrigado a analisar a linguagem
efetuando um descentramento sobre outras dimensões e outros registros.
Uma língua não se fecha sobre si mesma senão em uma função de
impotência.
(...)
G. Deleuze e F. Guattari in Mil platôs, vol 1
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