NOSSA LOUCURA
Em psicopatologia clínica, trabalhar com pacientes graves requer ir ao encontro da Loucura como referência clínica e teórica: tornar-se louco sem ser louco. Não só a partir da loucura dos outros, mas explorando a nossa própria. Ultrapassar os limites de si, quem suporta? O contrário, ou seja, trabalhar apenas com os códigos estáveis da "pessoa", é não perceber o louco, ou pior, fingir que percebe quando apenas julga e condena de acordo com os cânones da razão moderna. Esta aqui, claro, não é uma proposição abstrata, ao contrário. Consideramos como exemplo o cotidiano de um Caps (Centro de Atenção Psicossocial), onde é possível notar a loucura sob as máscaras mais diversas nos rostos inumanos circulando entre os pacientes, entre os pacientes e a equipe técnica e no interior mesmo da equipe técnica. Resta libertá-la das grades ocultas do humanismo cristão (o eu como centro do mundo, o bom senso, a consciência, a busca da salvação da alma, etc) em prol de uma clínica da diferença.
A.M.
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